quinta-feira, 29 de novembro de 2012

"Once you start thinking about things, you worry as to if you thought enough. Did you really take all the details into consideration? Was every fact properly reviewed? And by jove, the more you think about it, the more you realize you really couldn't take everything into consideration, because all the variables in every decision are incalculable, so you get anxiety. And this, though, also, is the price you pay for knowing that you know. For being able to think about thinking, being able to feel about feeling. And so you're in this funny position."

- Alan Watts.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Acho que já estávamos lá pela quarta ou quinta garrafa de cerveja. Conversando, conversando, conversando. Em meio a tantos outros assuntos, de repente começamos a falar de óculos. Da minha necessidade míope de usá-los.
- Ah, às vezes eu me canso de usar óculos. Mas ao mesmo tempo é tão prático. Sei lá.
Você tirou os óculos do meu rosto e colocou no seu, como se quisesse sentir a minha agonia. Colocou-os novamente em mim e disse:
- Não importa. Você é bonita com ou sem óculos.

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

E então eu preciso fazer as malas. E não consigo.
Acho que isso tudo é reflexo da minha habilidade em nunca ter feito uma decisão completamente segura, sabendo o que eu queria, sem pestanejar. Tenho essa mania de levar sempre a incerteza, de levar sempre os "e se...?".


Hoje, quando saía do cursinho, um menino me chamou.
- Tem uma moeda pro calouro?
- É calouro do quê?
- Engenharia Química.
Vi nele uma alegria desmedida, uma felicidade que fazia questão de saltar por aí dizendo "Olha, mãe! Sou um universitário de verdade!". Eu me enxerguei nele. Há pouco mais de três anos, era eu quem estava feliz daquele jeito. E pelo mesmo motivo.
Hoje, quando ele pronunciou orgulhosamente essas duas palavrinhas - Engenharia Química - algo instantaneamente me fez rir. Rir muito. Rir alto. Depois de boas gargalhadas sinceras, abri minha carteira e peguei uma moeda. Nesse meio tempo, tive vontade de falar um milhão de coisas pra ele. Você vai sofrer, você não sabe o que está fazendo, corra enquanto é tempo! Mas aí percebi que ele não é eu. Achei melhor, então, ficar com o discurso básico.
- Ah, eu fazia Engenharia Química.
- Sério? Onde?
- Na federal também.
- E por que você largou?
(Aqui, de novo, veio a vontade de falar aquele um milhão de coisas.)
- Ah. Porque eu não gostava.
Desejei a ele boa sorte - tenho certeza de que ele vai precisar de muita -, entreguei a moeda e fui embora.
No caminho, os "e se...?" já ocupavam o meu pensamento. Fiz questão de espantá-los o mais rápido que pude: suposições não levam a lugar algum. E lugar de passado é no passado.


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Acabei de perceber que toda vez que comento com alguém que decidi mudar de curso no 3º ano da faculdade a reação imediata dessa pessoa é fazer uma cara de espanto e perguntar: "por quêêêê?", nessa entonação mesmo, cheia de 'ê's, já me recriminando. Vou começar a inventar uma desculpa diferente pra cada vez que me perguntarem isso de novo. Bando de gente chata.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

O fotógrafo

O fotógrafo nunca aparece nas fotos. Ele está lá, sempre presente, mas nunca fica na recordação física - a foto. O fotógrafo se preocupa demais com os outros, com a posição de tudo, com o decorrer dos acontecimentos e acaba esquecendo de viver o momento. De repente, tudo já aconteceu. E ele ficou ali, em algum lugar atrás da câmera, esquecido. Escondido.

sábado, 17 de novembro de 2012

Why are you at a party if you're sad?


"I was doing such a good job of hiding it. How could you tell?"

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

A placa diz: "PERIGO!", com letras garrafais em vermelho escarlate, luzinhas piscando ao redor e tudo mais. Mas o que eu mais quero é entrar.


segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Eu, vestibulanda

Eu, vestibulanda, peco por não saber de cor todas as fases de uma meiose.
Peco por não saber os nomes dos principais rios da China e por onde eles passam.
Peco, também, por não saber as fórmulas que regem o movimento harmônico simples, e por eventualmente confundir mediatriz com mediana.

Eu, vestibulanda, peco por ter sono.
Peco por sentir cansaço. Ou fome.
Peco por ter vontade de jogar todas as apostilas pro alto e sair por aí sem rumo.

Eu, vestibulanda, tô de saco cheio dessa merda.
E quero mais é que tudo se exploda.