domingo, 14 de julho de 2013

Curitiba e o seu poder sobrenatural sobre mim: menos de duas semanas aqui e já me sinto agoniada e inquieta como antes. Na verdade, agora parece ser pior, porque nada me tranquiliza mais: nem mesmo andar pelas ruas, o que costumava ser meu santo remédio, além de ser o jeito mais efetivo de organizar meus pensamentos. Agora, os caminhos parecem levar a lugar nenhum. Pior ainda: levam a um meio temporário. Tudo mudou, e Curitiba não teve sequer a consideração de esperar que eu voltasse pra ver. Tudo mudou. E eu não vi. Só uma única coisa não mudou: o frio. O vento gelado que faz doer os ossos ainda vive em terras curitibanas. Mas eu me desacostumei ao frio.
Dói pensar em tudo o que eu deixei pra trás quando decidi me mudar. A velha história do "tudo que poderia ter sido mas não foi". Todas as alegrias que eu poderia ter, mas não tive. Todas as pessoas que eu poderia conhecer, mas não conheci. Tudo o que eu poderia fazer, mas não fiz... Sim, é óbvio - é lógico - que eu estaria considerando o mesmo se não tivesse ido pra São Paulo; mas, entenda: esse é o principal motivo de toda a minha inquietação. A escolha.
Tenho a impressão de que sou uma turista presa por aqui, por enquanto. Sem ter muita noção de quando vou embora de novo, mas com a certeza de que vai ser depressa e de repente. E, apesar de tudo, dolorido, como sempre.

Na madrugada o silêncio lindo limpo
que embala o meu grito rouco que 
não sai de dentro de mim
ensurdece enlouquece atiça a minha alma
e ecoa

estremeço
permaneço imóvel
lacrimejo
mas não choro
adormeço
mas não durmo.