quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Emaranhado

ao buscar a verdade
tenho medo de me perder
dar a volta, um círculo inteiro
e, no fim, esquecer

o que eu quis no início
será o mesmo no final?

ao buscar o melhor de mim
tenho medo de encontrar 
em meio a esse caminho egoísta
uma parte minha hedonista

se antes havia um farol
ele agora está morto, apagado
de que adianta resistir às tormentas
para permanecer cego e abandonado?

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

É madrugada e não se pode ver muito, exceto pelos poucos pontos atingidos pela fraca luz que vaza pela cortina. Tudo é penumbra, mas ela não sabe dizer se é por conta das lágrimas, da forte miopia ou do próprio escuro. 
Sente o peso das cobertas sobre o seu peito. Sente a marca que seu corpo deixa sobre o colchão. Sente a cabeça pesar sobre o travesseiro. 
Como pode sentir tudo e, ao mesmo tempo, nada?
Como pode querer nada e, ao mesmo tempo, tudo?
Pensa que, se fosse possível, mediria as doses de amor e de amizade numa quantidade diária ideal de cinco colherzinhas de café, distribuídas entre a manhã e a tarde. Passaria todas as madrugadas sozinha, porque aprecia a solidão e os pensamentos vindos dela. Tudo sempre dentro de uma dieta balanceada, afinal ela ainda se recuperava de uma fatídica overdose de escuridão que a levara à loucura, e a loucura era um abismo muito profundo ao qual ela jamais gostaria de retornar.