sábado, 14 de setembro de 2013

Aconteceu ontem. 
Eu estava no ônibus, indo pra casa de uma amiga, quando percebi que estava sorrindo involuntariamente. O ônibus passava pelo meu lugar favorito da cidade: as pontes que ligam a Francisco Morato com a Rebouças e várias outras ruas, e eu estava ali, sorrindo pra um monte de concreto, de carros (que tinham, provavelmente, muita gente mal humorada dentro deles) e um horizonte que tinha como peça um rio Pinheiros muito fedido. Meu caso de amor por esse lugar é antigo e sincero. Começou já na primeira vez em que vim pra São Paulo, no dia da matrícula da USP. No carro, tentando voltar pra Curitiba, mas presos em meio a congestionamentos intermináveis, passamos por essas pontes e eu fiquei atordoada com a urbanidade desse lugar. As luzinhas dos carros, a estação da CPTM, o rio Pinheiros... Todos esses elementos típicos de São Paulo ali, na minha frente. Tudo de que eu sempre ouvi falar, mas nunca tinha visto. E eu estava ali.
Mais tarde o sorriso involuntário se repetiu algumas vezes. Da casa da minha amiga, fomos até uma Avenida Paulista louca e fascinante. Uma Paulista que, apesar de ser a mesma que está lá, todos os dias, naquela noite de sexta estava incrivelmente diferente. Uma banda que fazia um show doido na frente do Center 3, um duo de sax e bateria com cabeças de panda e cavalo tocando Claudinho e Bochecha, uma roda de capoeira na frente da Cásper... E gente, muita, muita gente. Gente de todos os tipos. E me pareceu incrível que eu estava ali, no meio de todas aquelas pessoas, sendo uma delas. Uma pessoa que mora em São Paulo. Uma pessoa que pega o metrô, e agora sabe mais ou menos que ônibus pegar quando quer ir pra algum lugar. Uma pessoa que aos pouquinhos está construindo a vida aqui e que ontem, enquanto sorria involuntariamente, percebeu que não se sentia tão feliz assim em um lugar há muito tempo.

Nenhum comentário: